Muitos campeões mundiais de xadrez reinaram por vários anos, mas hoje isso está longe de acontecer.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o pai da Computação, Alan Turing desvendou o enigma dos nazistas (essa história é contada no filme “O jogo da imitação”). Turing foi considerado herói e concentrou-se nas áreas da computação e ajudou no desenvolvimento da Inteligência Artificial.
Na primeira metade do Século XX, Turing começou a trabalhar com David Champernowne em um algoritmo que jogasse xadrez. O algoritmo ficou conhecido como Turochamp (junção dos nomes Turing e Champernowne) ficou pronto em 1950, mas as limitações computacionais da época não permitiram que o código pudesse ser implementado. Mais tarde, Turing continuou a desenvolver o algoritmo com Alick Glennie, usando lápis e papel, além da lógica, naturalmente. Naquele mesmo ano, Alan Turing escreveu um artigo chamado “Computing Machinery and Intelligence”.
“Máquinas podem pensar?” A lógica segue: Dois seres humanos e uma máquina se confrontam num jogo de perguntas e respostas. Se a máquina conseguir enganar um jogador, fazendo-o acreditar que ela é um ser humano, ela passou no teste. Essa lógica é usada até hoje.
Turing, antes de ver seu código compilar em um computador. Mas seu trabalho foi base para diversos trabalhos sobre Inteligência Artificial.
Em 1996, a IBM apresentou o DeepBlue, um computador que calcula posições para jogar xadrez. O campeão mundial de xadrez da época era Garry Kasparov e ele foi desafiado a jogar contra a máquina. De um lado Kasparov, representando a humanidade, de outro DeepBlue, em nome da inteligência artificial. O russo saiu vitorioso, mas alertou que provavelmente seria o último ser humano a conquistar o cinturão contra um computador.
E não é que ele estava certo? No ano seguinte ele perdeu para uma versão atualizada do DeepBlue. O representante dos humanos não aceitou bem a derrota e acusou a IBM de trapacear. Anos depois admitiu não ter lidado bem com a situação, e em 2017 até chegou a escrever um livro sobre inteligência artificial.
Mas a história não parou por aí. Esse foi só o começo. Desde então, cada vez mais algoritmos que usam inteligência artificial para jogar xadrez foram sendo publicados. Em 2010, aconteceu o campeonato Top Chess Engine Championship (TCEC), uma competição entre computadores cujo objetivo é encontrar o melhor algoritmo de xadrez. Os jogadores são convidados pela organização do evento, que dura alguns meses. O modelo Stockfish, guarde esse nome, foi consagrado campeão por dez vezes.
Em 2017, a DeepMind, uma empresa com foco em Inteligência Artificial (IA), apresentou o AlphaZero, uma inteligência artificial capaz de jogar xadrez, Go e shogi. O computador recebeu as regras básicas do xadrez e aprendeu o jogo sozinho. Jogou contra si inúmeras vezes, e em quatro horas o algoritmo era especialista em xadrez.
O AlphaZero disputou uma partida contra o Stockfish, vencedor do Top Chess Engine Championship daquele ano. Conseguiu derrotar o campeão, tornando-se então detentor da honraria. Se um computador ultrassofisticado não foi capaz de vencê-lo, o que dizer de um ser humano?
Não sabemos como será o futuro, mas no xadrez já podemos jogar a toalha. Kasparov tinha razão: ele foi o último campeão que a humanidade teve.
Referências: Ciência Fundamental
Foto: Abstrato vetor criado por macrovector br.freepik.com
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Sobre o Autor
Criador da plataforma Xadrez Forte. Graduado em Engenharia Florestal e discente de Ciência da Computação. No xadrez, atua como jogador, professor e árbitro regional de xadrez filiado à Federação de Xadrez do Amapá.
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