GM Igors Rausis está sob investigação de trapaça depois que ele foi pego com seu celular durante uma partida no Strasbourg Open. O grande mestre tcheco-letão, de 58 anos, levantou suspeitas depois de aumentar seu rating nos últimos anos para quase 2700.
Durante um torneio que acontece de 10 a 14 de julho em Estrasburgo, na França, um celular foi encontrado em um banheiro que tinha acabado de ser usado por Rausis. Mais tarde, ele assinou uma declaração de que o telefone era dele.
Se ele estava usando seu telefone para ter a análise de alguma engine de xadrez, não foi provado ainda.
Em um comentário ao Chess.com, Rausis disse:
“Eu simplesmente perdi a cabeça ontem. Confirmei por escrito o fato de usar meu telefone durante a partida. O que mais eu poderia dizer? Sim, eu estava cansado depois da partida desta manhã e a onda de acusações no Facebook também me impactou. Pelo menos o que eu cometi ontem é uma boa lição, não para mim – eu já joguei a minha última partida de xadrez.”
Yuri Garrett, secretário da comissão de Fair Play da FIDE, disse ao Chess.com que Rausis se retirou voluntariamente do torneio. Isso contradiz uma postagem escrita em russo no Facebook pelo diretor geral da Fide, Emil Sutovsky, que disse que Rausis estava “suspenso” do torneio.
Segundo Sutovsky, Rausis estava sob suspeita há muito tempo. Ele também mencionou que a Comissão de Ética da FIDE agora vai lidar com o caso, e até mesmo a polícia francesa estava envolvida.
Mais cedo, Garrett também mencionou o caso em um post no Facebook, sem nomear o grande mestre letão. Ele escreveu que o jogador estava sendo observado de perto “durante meses” e que os “excelentes insights estatísticos” de Ken Regan os haviam alertado.
Regan é professor associado da Universidade de Buffalo, na Universidade Estadual de Nova York, e já assessora a FIDE há vários anos, com base em um modelo que ele desenvolveu para fazer testes estatísticos para trapaças com computadores no xadrez.
Comentando ao Chess.com, Garrett disse:
“A FIDE verifica continuamente todos os jogadores e todos as partidas suspeitas. Os casos atípicos serão identificados. Isso desencadeia ações discretas por parte da Comissão de Fair Play e, eventualmente, se algum desvio for devido a trapaça, pegaremos o trapaceiro quando uma equipe formada por um bom organizador e um bom árbitro estiver em cena e cooperar com a CFP. Seguir as medidas de Proteção Anti-Cheating (anti-trapaça) [aqui em PDF] é, obviamente, primordial.”
Também estava envolvido no caso o árbitro internacional Laurent Freyd, que é o Diretor Nacional de Arbitragem da Federação Francesa de Xadrez e que trabalhou em estreita colaboração com os árbitros locais de Estrasburgo. Freyd não pôde fornecer detalhes, mas disse que pegar Rausis foi um “trabalho em equipe”.
Nascido na Ucrânia soviética, o GM da Letônia tem representado a Federação Checa de xadrez desde 2007, depois de ter jogado por Bangladesh entre 2003 e 2007. Rausis é o jogador mais velho no Top 100 da FIDE, sendo atualmente o 53º do mundo com rating de 2686.
Seis anos atrás, em maio de 2013, seu rating ainda era 2518, e havia flutuado em torno da marca de 2500 por pelo menos 10 anos. Desde então, aumentou quase 200 pontos.
Nos últimos seis anos, Rausis aumentou seu rating de forma constante, limitando-se a jogar com adversários com rating mais baixo, contra os quais continuou a pontuar perfeitamente ou quase perfeitamente. Por exemplo, nos seus cálculos de rating de julho de 2019, ele fez 24,5/25 contra quase todos os jogadores tendo mais de 400 pontos abaixo do seu próprio rating.
Desta forma, Rausis vem se beneficiando da “regra dos 400 pontos” como especificado no parágrafo 8.54 do Regulamento de Rating da FIDE: “Uma diferença de rating de mais de 400 pontos será contada para fins de cálculo como se fosse uma diferença de 400 pontos.” Um jogador ainda ganha 0,8 pontos de rating, mesmo que seu oponente tenha mais de 400 pontos abaixo dele.
Aumentar o rating de alguém como no caso de Rausis requer um jogo quase perfeito durante um longo período de tempo, o que não é fácil, mesmo contra adversários mais fracos.
O caso de Rausis é semelhante ao de um grande mestre georgiano que foi banido de um torneio em 2015 depois que seu telefone foi encontrado em um banheiro. Nesse caso, descobriu-se que ele estava analisando sua posição com uma engine de xadrez. Ele foi banido por três anos e perdeu o título de GM.
FONTE: CHESS.COM NOTÍCIAS <Ver artigo>
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